Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando. Clarice Lispector

21.6.11

15.6.11

Um copo de vodka barata, divagação e diálogo consigo mesma...

Levanta e acende um cigarro...
  
  "Porque não há cafés amargos, tabacos fortes e bebidas ardentes que preencham ou disfarce esse oco branco, vago nada em meus dias..."

Coloca o disco de vinil, lento, cortante, blues amargo ao fundo...

  "Sabe?! ... Sinto que estou cada vez mais fundo nesse labirinto do perdida-além-da-vida, caminho-sem-rumo-ou-salvação. Perdida entre não fazer nada e largar tudo. São esses instintos sobre-carnais que me levam pro desconhecido de mim mesma. Nada me pertence mas é como se tudo me possuísse. O tempo escorre e não sei de minha imagem. Nem da cor do meu coração."

Levanta e se olha no espelho enorme da parede da sala, desliza a mão sobre a pele cansada do rosto...

  "Desaprendi a ser feliz. Como é mesmo que se faz? Sorriso plástico, olhos de papel...Sequer sei se um dia realmente fui."

Cintilar de vidro, respira fundo, tenta tomar algum tipo de fôlego ou coragem...

  "É, estou transbordando. Parece até que sentia alguma espécie de falta dessa melancolia, olhos, coração e caneta bico-de-pena úmidos. Uma mistura de lágrimas, dor e tinta fresca..."

Levanta e vai pra janela, o frasco estala no taco antigo do chão, o disco arranhando, voz rouca, Janis Joplin prevê:

"She'll do crazy things, yeah, on lonely occasions
A simple conversation"

  "Chove por entre meus dedos... Esmalte gasto e dedos doloridos, coração arranhado, mente exausta. Maquiagem in-to-ca-vel. Vaidade dos poetas..."

Ela morava no 13º andar, um número familiar, uma vida desconhecida, ninguém sabe de sua face, sua dor, sua história. Seus motivos. Barulho seco, forte... A vodka se espalha pelo tapete...

Dorme em paz.

14.6.11

Keep walking, my sweet...


Step forward!

...porque eu (ainda e sempre) acredito em você - e na sua grandeza, escondida sob tanto concreto e asfalto.

  

13.6.11

Silêncio e dor

Não chega a doer.
Passei do ponto em que sua ausência fere meu peito.
Apenas atravesso os dias, indiferente, sem dor, nem alegria.
O tempo escorre...