Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando. Clarice Lispector

20.9.10

Doce beijo

  Andávamos entre as árvores, frutos e flores, naquele dia especial. Naquela tarde quente. Caminhavamos lado a lado, nossos risos se confundiam com os cantos dos passarinhos que nos observavam e cantavam para nós. “Uma flor para uma flor”, você disse com seu sorriso lindo e a colocou atras de minha orelha. Seus olhos diziam que eu estava bonita, e os meus te admiravam. Lembro da cor e do cheiro daquela pequenina flor, que hoje está seca e sem pintura, mas que colore precisamente aquele dia, com cada pequeno detalhe.
  Cansados sentamos sob a sombra de uma mangueira, você me ofereceu uma manga como se fosse uma rosa ou uma aliança. E eu aceitei, sorrindo e então caímos na gargalhada. Você passava levemente a língua no canto de minha boca, meus dedos melados encontraram suas bochechas limpas e você ria, eu sorria e a gente fazia bagunça. A gente se parecia com criança. Se divertia. Você me beijou, e foi um beijo doce, molhado de manga. Você gostava de sentir meus dedos lambuzados no seu rosto, eu gostava de sentir sua boca suave de fruta doce, e nossos lábios melados se tocavam e trocavam caricias.
  O dia dava lugar a noite, o sol pequeno se escondia no céu de papelão. Nos deixando sozinhos ali, sob o pé de manga. A lua bonita, pingando na noite, nos presenteava com uma luz sutil que combinava com o brilho que eu percebia em seu olhar. E então eu senti, de novo, um beijo doce, molhado. Que estará ao lado do nosso outro beijo doce, doce de sorvete e pirulito de morango. Nosso primeiro beijo.

(Gustavo Lins - Faz Assim ♪♫)

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