Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando. Clarice Lispector

12.2.11

Olhos teus

   Todo dia levanto-me para isso que chamam de realidade, chamam de viver. Isso mesmo. V-I-V-E-R.
   Acordar, tomar um banho morno, escovar os dentes, entrar em um ônibus com misturas excessivas de perfumes, ranger de ratos e porcos. E sentar em uma padaria, tomar um café amargo, o sorriso escurecido pelo tabaco e pela dor.
   Todos os dias penso, vejo, sinto. Aqueles olhos negros tão profundos, olhando pra mim, através de mim. Olhos que talvez estejam me enganando. Se iludindo. 
Olhos que não se decidem, que não sei decifrar. Que mergulho sem receio a espera de um sim. “Venha!”.

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