Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando. Clarice Lispector

23.8.11

Calo-me, trago(me)

    Muitas coisas deveriam me doer nessas noites insones, madrugadas insanas. Só há esse nó seco preso na garganta, esse aperto do peito ferido que cala. Essas palavras pontiagudas que não saem e me arranham por dentro cada vez que as engulo entre ansioliticos e etilicos. Esses sermões de Deus, sobre Deus, que me rasgam a mascara e mostram a face destruída e gasta pelo tempo. Esses seres artificiais que não se entregam, não me permitem, que me jogam no chão. Que me levam de volta pro fundo abismo de mim mesma.
    Muitas coisas deveriam me doer entrelinhas, nessas linhas, enquanto teço... Enquanto remo sozinha nesse barco furado.
    Muitas coisas deveriam me doer...
    Só me restou essa coisa morna, sem sabor, sem cor, sem ar...
    Sufoca - o que sobrou - d'alma...

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