Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando. Clarice Lispector

7.1.12

Conversa de boteco

 -Ah, menina, o que fizeram contigo?
 -Um conhaque, por favor!
Acende um cigarro.
 -Tô cansada, sabe.
Da um trago, solta lento a fumaça branca e toxica.
Olha pro alto e espera a fumaça dissipar.
 -Quando eu fecho os olhos, a mente, eu vejo o rosto dele.
 -Dele quem?
 -Eu sinto o olhar dele olhando fundo pra mim, - balança o copo de conhaque barato - enquanto canso, enquanto vivo, quando preciso de forças pra continuar.
Repousa o copo, apaga o cigarro e olha pro lado.
 -Entendo, menina, eu entendo.
O mundo silenciou e começou uma velha canção de amor no jukebox.
Começou a chover passado naqueles olhos perdidos no fundo do bar.



Um comentário:

Anônimo disse...

Que milagre uma atualização aqui praga-dos-infernos