Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando. Clarice Lispector

23.9.10

Todo gelo que há

  O álcool já corria quente e louco por suas veias. No meio da multidão todos eram iguais, o barulho era silencioso e seu coração pulsava fraco, desejando aquele sorriso que descansa o caos que habita seu peito. Sabia que o sorriso não apareceria, desiludida andava meio tonta, meio sã, meio puta por não distinguir as cores, meio alegre por seus pensamentos estarem sem nexo, confusos.
  Uma cor chamara sua atenção, a cor do seu sorriso. O tom da sua voz, o toque gelado de suas mãos, ela não se lembrava de detalhes, mas lembrava do essencial. No outro dia, voltou para o seu mundo cinza, seco, sem carinho. Ficou por lá, mas foi sendo levada aos poucos. Tomada pela vontade de viver, de conhecer, de se entregar. Arriscar. Ar-ris-car. Tantas vezes pediram a ela que arriscasse, que fizesse valer a pena. Que VIVESSE.
  Sem perceber, lá estava ela vivendo. Arriscando. Jogando todas as cartas que tinha. Ansiosa para sentir aquele toque tão gelado e tão quente ao mesmo tempo. Saindo de seu mundo, nem precisou de coragem. Apenas de algumas conversas, da sintonia invisível existente que extinguiu seu medo.
  E o final... Bem, talvez ela não tenha chegado ao fim.

Deixa-me derreter o gelo de seu toque e derreta o de meu coração.

(Dias de Truta - Desculpas ♪)

2 comentários:

Alef Marra disse...

Palavras tão profundas sentimentos tão reais ,que não caberia a mim responder tamanhas palavras,mas a mão que um dia foi gelada se derretera com o seu calor e com suas palavras e com os seus gestos . . .

Selene * disse...

"E o final... Bem, talvez ela não tenha chegado ao fim."
A vida ainda guarda muitos toques friamente quentes para você,bela flor.